Yuval Harari começa o livro “21 lições para o século 21” chamando nossa atenção para o fato que muitas vezes nos deixamos assoberbar pelos afazeres e responsabilidades diários e não nos damos conta de que o tempo está passando, “a história não poupa ninguém” e as mudanças na sociedade acontecem e impactam as nossas vidas mesmo quando nada fazemos. “Se o futuro da humanidade for decidido em sua ausência, porque você está ocupado demais alimentando e vestindo seus filhos — você e eles não estarão eximidos das consequências.” É o que ele diz. E ele tem razão.
Vivemos num mundo 24 X 7, ainda mais frenético depois da pandemia que implantou o tal “novo normal” ao qual ainda nos adaptamos. Num Brasil que tem mais de um celular conectado à internet por habitante, podemos afirmar que o acesso à informação nunca foi tão democrático, mesmo que se possa questionar a qualidade da informação que acessamos. Também é fato que a distribuição deste acesso não é igualitária. Quando falamos que o país tem mais de um celular por habitante, podemos pensar que todas as pessoas têm acesso à telefonia móvel e internet, o que não é uma verdade dada a condição de desigualdade social que se agravou nos últimos meses. Mas o ponto central a destacar é que, neste momento da história, temos mais acesso à informação do que tivemos antes. E temos melhores condições de trabalho, em média. Mas ainda nos perdemos neste labirinto de dados e oportunidades, deixando a vida escorregar por nossos dedos ocupados demais com tanto a digitar ou teclar. Vivemos conectados em tudo ao mesmo tempo e ainda não dá tempo para fazermos tudo… Tudo o que mesmo? Será que sabemos o que estamos perdendo?
Pausa.
A cada minuto, somos alimentados de informações, estímulos e conteúdos diversos que podem nos sobrecarregar. De tarefa em tarefa, de projeto em projeto, de ocupação em ocupação ou de preocupação em preocupação, esquecemos de nos perguntar “como estou?”, “quem eu sou?” e “se estou no caminho correto”. Raramente nos damos o direito a uma pausa que nos permita um encontro com nosso eu interior. A pausa é um convite para observar o presente. E o presente é sempre o melhor presente que podemos nos dar.
Nesta semana conduzimos workshops e convidamos mais de 100 pessoas a refletirem sobre a melhor contribuição que podem dar para suas vidas, usando seus talentos a favor de projetos de vida que impactem positivamente o mundo em que vivemos. Falamos de autoconhecimento, valores e propósito. A reflexão final trazia uma frase atribuída ao Dalai Lama: “Só existem dois dias por ano em que você não pode fazer nada pela sua vida: ontem e amanhã”. Curiosamente, na primeira vez em que conduzimos este workshop, no ano passado, ao falarmos sobre tendências do mundo do trabalho, um dos itens da lista era o home office – que se tornou uma realidade de uma semana para a outra, quando o mundo entrou em lock down. E este é apenas um exemplo de como a história pode acontecer na nossa frente, de repente. Para que não sejamos pegos de surpresa, precisamos estar presentes nas nossas agendas, hoje, agora. E isso requer equilíbrio, para que possamos manter a vida em sintonia com todos os papéis que escolhemos viver, sem descuidar do nosso melhor presente: nós mesmos.
Viva o hoje!!