Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo.

Este provérbio africano me chamou à atenção ao ler uma declaração do Facebook sobre o resultado do Relatório de Diversidade 2019. A empresa declara ter como ambição alcançar 50% de diversidade em sua força de trabalho nos próximos 5 anos. Para isso, afirma, já realiza uma série de iniciativas para incluir mulheres, negros, hispânicos, veteranos, pessoas com deficiências, dentre outras minorias. E o faz pois entende que assim será capaz de refletir e melhor servir aos consumidores de seus produtos.

Parece uma equação simples, não? São pessoas desenvolvendo, vendendo e entregando produtos e serviços para outras pessoas. Onde estaria a dificuldade nesta frase? A palavra sobre a qual devemos refletir é “outras”. Segundo o dicionário, outro significa “que não é o mesmo; distinto, diferente”. Então são pessoas entregando produtos para pessoas diferentes. E quanto mais diferentes forem, mais distantes serão suas afinidades. Como diria Mario Cortella: “Será?”. Se continuarmos na definição de outro, duas linhas abaixo veremos “de teor idêntico, semelhante”, pois a mesma palavra se aplica quando dizemos que “não há outra pessoa como aquela que amamos” e aqui queremos dizer que não há alguém igual à pessoa em referência. Então, outro é diferente mas também pode ser igual. 

A equação não é simples mesmo.

Ocorre que o ser humano é complexo por natureza. Por isso acreditamos que todos têm seu lugar de fala quando o assunto é diversidade. Somos complexos porque somos diferentes, ainda que tenhamos muitas semelhanças. Acostumamo-nos a buscar referências e afinidades naqueles que se parecem mais conosco. Mas erramos ao imaginar que os diferentes nada têm a contribuir. Somos plurais, vivemos em sociedade e com ela precisamos aprender a graça e a riqueza de buscar visões complementares – muitas vezes opostas – à nossa. Esta percepção diferenciada que a perspectiva alheia nos traz pode ser muito engrandecedora.

Recentemente, ao discutirmos sobre um projeto que estamos desenvolvendo, coube ao profissional de design (um homem, jovem, que trabalha em startup) nos chamar à atenção para uma vertente do produto que nós (mulheres, mais maduras, empresárias e profissionais de RH) não estávamos valorizando até então. E aí a visão dos outros 2 sócios (homens, maduros, engenheiros) foi crucial para fecharmos a fórmula de um novo e inovador serviço. 

Esta situação ilustra claramente como perfis diferentes trazem visões complementares que, quando valorizadas, geram inovação.

Pesquisas provam o quanto a diversidade – no sentido de pluralidade de ideias e perspectivas, acima de qualquer atributo – se reverte em inovação. Gosto de citar uma do Gartner que afirma que empresas com liderança diversa tendem a ser mais inovadoras e 19% mais lucrativas. 

O Facebook está fazendo o dever de casa. Muitas outras empresas também estão. E a sua? Se não for por um mundo melhor – mais tolerante e respeitoso – que a sua empresa vai ser plural, que seja, então, pelo lucro mesmo. Já vale! E podemos fechar com outro provérbio:

“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.