Tenho estudado bastante para produzir o conteúdo do módulo sobre Origens, uma das dimensões mais abrangentes da Mandala das Diversidades.
Falar sobre origem é trazer à tona tudo o que pode nos influenciar inconscientemente, à despeito das nossas escolhas. A dimensão Origens fala de cultura, escolhas e influências. Tem a ver com a geografia (onde você nasceu, foi criado/a e vive atualmente), com a família (que te concebeu, que te criou, que você formou), com a sua formação acadêmica e profissional, com as suas experiências de vida.
Ao introduzir o tema no primeiro módulo da Academia, citei o livro de Scott E. Page, The Difference, em que o autor disserta sobre como nos definimos na comparação com outras pessoas e como a construção coletiva pode ultrapassar a genialidade individual. Ele resume a resposta dizendo que a diversidade que não vemos e que demonstramos com nossos conhecimentos, habilidades e atitudes, chamada diversidade cognitiva, é o que sintetiza e melhor expressa nossas diferenças. Ainda que o foco do estudo dele esteja na diversidade cognitiva, ele não desmerece a diversidade identitária e suas tantas dimensões. Diversidade é caracterizada como as diferenças que as pessoas veem, categorizam e entendem em suas visões de mundo. E ele ressalta ainda o quanto recuamos quando nos confrontamos com essas diferenças, à despeito do benefício que poderíamos alcançar se a escolha fosse por permitir que as diferenças somassem em favor do progresso e da inovação.
Enfim, ao falar de diversidade identitária, as nossas origens costumam fazer parte de nossa apresentação. No meu LinkedIn, por exemplo, escrevi mais ou menos assim: “Sou Sylvia, filha única do Nilto e da Glória; administradora, pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos; esposa do Carlos, sócia-fundadora da Camargo Consultores e da FourAll. Sou a mãe da Mariana e do Arthur, pós-graduada em Gestão do Conhecimento e pós graduanda em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global.” Essa breve descrição fala basicamente de onde eu venho: filha única de um casal hetero, uma família tradicional; formei uma família igualmente tradicional, com um marido e 2 filhos; graduada e pós graduada em Humanas; empresária. Uma análise mais aprofundada das escolas por onde passei, somada ao meu endereço permitiriam supor a minha classe social. E bingo! Toda (ou quase toda) a minha diversidade identitária estaria aí descrita.
Quando falamos das nossas origens, ainda há muitas outras características que nos representam. Além do que expus acima, poderia citar também a experiência em um ou outro ramo de negócio ou indústria, a experiência com outras culturas (dentro e fora do país), a bagagem de engajamento com diferentes causas e temas através do voluntariado, a ascensão de classe social, sucessos e fracassos. Enfim, nossa história é plural. E mapear as origens complementa a nossa diversidade e nos faz pessoas únicas, ressaltando nossas singularidades.
Um fator relevante a considerar é o quanto tudo isso influencia nossas decisões e escolhas. Nossas origens têm papel fundamental no nosso inconsciente, na formação dos vieses e das crenças que moldam nossos comportamentos e atitudes.
Quando tornamos conscientes estas influências, podemos fazer novas escolhas.
Já pensou nisso?
Afinal, quem é você? Quem você escolhe ser?