O que é ser uma pessoa inclusiva para você? Fiquei refletindo sobre esta frase. Para mim, ser inclusiva é possibilitar que as outras pessoas se sintam bem ao estarem no mesmo ambiente que eu, que possam ter acesso as minhas ideias e tenham o mesmo espaço para expor as suas próprias. Gosto de debates, trocas e não gosto de melindres. Então, acho importante respeitar as diferenças e faço questão de ambientar o espaço de maneira que agrade a quem vai estar nele, seja presencial ou virtualmente. Como evidência, penso no que faço ao preparar minha casa para receber a visita de uma pessoa amiga. A pessoa gosta de vinho ou cerveja? Na dúvida, teremos os dois. Eu gosto de vinho branco e amo ser recebida por alguém que nem gosta, mas gela aquela garrafa especialmente para mim. Por conta de uma amiga que não comia carne vermelha, aprendi a incluir legumes no churrasco. Vamos receber a bisa, que se locomove em cadeira de rodas? Abrimos espaço na decoração para que ela passe com conforto. E no final todo mundo ganha, pois essa ambientação amigável gera boas experiências e aprendizado.
Se tenho todo esse cuidado nas ações do dia a dia, devo ter o mesmo cuidado em minha comunicação. Hoje à frente de uma consultoria que tem o conceito de pluralidade na base de seus serviços e produtos, meus sócios e eu temos a responsabilidade de expor nossas ideias e perspectivas com o cuidado de garantir que nossa comunicação reflita nosso propósito. Nosso manifesto ressalta nossa crença sobre a importância do respeito à pluralidade na geração de confiança, colaboração e engajamento, buscando construir bases para entendimento comum. Isso não significa que devemos ter as mesmas ideias. Mas sim, que pretendemos seguir caminhando rumo a um mesmo objetivo.
Faz parte do nosso objetivo, comoFourAll, mudar o mundo gerando reflexões que oportunizem mudanças de dentro para fora nas pessoas e, a partir delas, nas organizações e na sociedade. Que mudanças? Depende do estágio em que estiverem. Sempre visando o respeito ao ser humano que está ao meu lado e aos demais que forem impactados pelas ações. Simples assim.
Para fazer isso, precisamos redobrar nossa atenção em relação ao que e como comunicamos. E aqui entra o x da questão. Nós da FourAll nos preocupamos em usar linguagem neutra em nossos textos, pois entendemos o pleito em relação ao binarismo imposto pela classificação de gênero na Língua Portuguesa. Entendemos, a partir do nosso lugar de fala de pessoas cisgênero, que o binarismo incomoda a quem não se percebe como tal. Então, começamos usando o @ e depois mudamos para o x em substituição às vogais que deveriam marcar o gênero de uma palavra. Tem espaço para tod@s, nosso programa de sensibilização, foi lançado com @. E aqui trago mais uma evidência da importância da escuta ativa e do valor da atenção e respeito à pluralidade. Escutamos os primeiros feedbacks sobre o uso do @. Além de não causar impacto na fala, pois @ não tem som, prejudica a leitura, causando estranheza e confusão. Então passamos a usar o x, que parecia mais neutro. Aos olhos treinados de uma pessoa que lê bem, passa fácil, sem causar incômodo. Mas não viabiliza a leitura para deficientes visuais, pessoas com dislexia ou mesmo para quem não tem o privilégio de ler tão bem. E mais uma vez nos pusemos a refletir, pois agora percebemos que ao incluir a questão de gênero para fazer com que as pessoas não binárias se sentissem mais seguras, excluímos pessoas com deficiência que não têm a opção de ler assim e, portanto, participar da comunicação se mantivermos essa linguagem.
E isso me parece binário também… Se tenho que excluir um grupo para incluir outro, não me parece tão inclusivo. Se devo priorizar um grupo em detrimento de outro, isso não é para todas as pessoas. Sabemos que a linguagem neutra de gênero está em franca evolução e deve impactar a Língua Portuguesa formalmente, como tem feito em outros idiomas. Mas somente quando for oficialmente revista, tiver uma forma consolidada e puder ser ensinada, então teremos meios de replicar esta nova linguagem também para aqueles que hoje dependem de leitores de texto ou outras ferramentas ainda não adaptadas.
FourAll é for all, para todas as pessoas. Assim, daqui para a frente, cuidaremos para que nossa comunicação reflita esta máxima e não mais usaremos a linguagem binária ou a neutra mas, sim, uma comunicação inclusiva que permita o entendimento de todas as pessoas que forem alcançadas por ela.
Algumas dicas para seguir conosco nesta jornada:
1. Não usar @ ou x. Já aprendemos por quê.
2. Procurar palavras neutras. Note que no texto acima usei pessoas, evitando reproduzir o gênero no sujeito da frase.
3. Evitar artigos e pronomes de gênero para substantivos uniformes, usar os indefinidos.
4. E a mais importante: estar disponível para ouvir críticas e sugestões de pessoas que tenham um posicionamento diferente.
Acreditamos no aprendizado acima de tudo. Por isso assumimos o compromisso de rever nosso conteúdo. E seguimos querendo aprender com você que nos lê, com quem te influenciou e com quem mais quiser compartilhar ideias conosco.
Mudar o mundo é o propósito, lembra? Estamos com o botão da mudança ligado!