Do meu lugar de fala

Ontem foi dia de conteúdo novo na PlurAll Academy, como toda quarta-feira. E eu fiquei responsável por desenvolver o conteúdo e fazer a curadoria de material extra.

Demos início à sequência que compõe a Mandala das Diversidades, base da nossa Pluralidade. Para quem ainda não é membro da Academia e/ou não conhece muito sobre o tema, vale nivelar o conhecimento: assumindo que nossos pensamentos, julgamentos e atitudes estão diretamente relacionados a quem somos, tratamos como pluralidade o conjunto de características que, ao mesmo tempo, nos assemelha de algumas pessoas e nos diferencia de outras. Pluralidade é, portanto, o conjunto de singularidades que nos define como seres humanos – e cada pessoa tem o seu “kit”. 

Pois bem, nesta quarta, lançamos o módulo “Gênero – diferentes orientações”. E como é o mês do orgulho LGBT, queríamos apresentar essa perspectiva dentro do mês, mas eu pensava que seria difícil não começar falando sobre o binário Homem – Mulher. No meu ponto de vista original, eu entendia que deveríamos começar falando sobre os conceitos de gênero e sexo biológico, abordar o papel da mulher na construção da sociedade e seguir por aí, com muito conteúdo a compartilhar… para depois falar sobre identidade e orientação de gênero.

Até que fizemos um webinar (exclusivo para os membros da Academia), bem no início do mês, quando eu ainda não havia finalizado o conteúdo, com um convidado muito especial que relatou a experiência de vida dele: sua vivência como homossexual, o quanto ele demorou a se expor para os colegas, para a família, para o mundo, como viveu o preconceito e teve o privilégio de ser acolhido. As falas dele, a partir de outro ponto de vista, mudaram a minha perspectiva. Então, busquei mais referências e logo constatei que a discriminação contra homossexuais teria sido percebida, ainda na antiguidade, quando muitos homens não aceitavam que um homem pudesse se “rebaixar” à condição (inferior) de uma mulher… Meus brios de mulher cis heterossexual se aguçaram e foi a partir deste lugar de fala que eu construí o conteúdo. 

Eu escrevi a partir do meu lugar de fala, com a propriedade de quem estudou o tema e a perspectiva de outras pessoas. Aprendi que toda pessoa têm o seu lugar de fala; quem vive e sofre o benefício ou prejuízo de ser quem é está no seu lugar de fala, como o nosso convidado do webinar. Quem estuda o tema e alcança autoridade para falar sobre esse tema, também tem lugar de fala, mesmo quando a sua posição é diferente – o que enriquece o debate. E quem está numa posição diferente também tem lugar de fala, afinal, vê algo a mais (e algo a menos) do que a outra pessoa. Por isso, reitero que temos lugar de fala: o seu, o meu, o de cada ser humano. E volto à imagem do Jardim das 15 Pedras para ressaltar o quanto a visão de outra pessoa pode completar a minha. E como isso reforça a importância de respeitar e acolher a pluralidade em nosso dia a dia.

Quer compartilhar sua perspectiva comigo, a partir do seu lugar de fala? 

Quero aprender com você também! Vem pra Academia!