Elaborar uma obra fazendo uso de uma única melodia, um pequeno refrão, que se repete ao longo de toda a música, sem se tornar repetitivo e cansativo, é algo surpreendente. Este feito, Ravel conseguiu com toda sua genialidade, no famoso e inspirado Bolero.
Antes de seguir na leitura, convido você a apertar o play do áudio da música, para perceber a grandeza da composição.
Ela se inicia com ruflar de uma caixa, a qual dita o ritmo. Chama a atenção o fato deste ser o único instrumento que, do início ao fim, toca ininterruptamente. Segue então a entrada, individual, de vários instrumentos de sopro da orquestra, que tocam separadamente o mesmo refrão. O primeiro é a flauta, num tom mais brando, que deixa espaço para o clarinete em si bemol, para depois entrar o fagode, o clarinete em mi bemol, o oboé, o trompete e flauta, estes juntos, saxofone, trompa, flautins, celesta, trombone, tímpanos, para por fim entrarem os instrumentos de corda: violinos, violoncelo e contrabaixo.
Esta sequência de variação de timbres também acompanha um crescente de aumento na intensidade do volume, que se inicia em pianíssimo, para finalizar em fortíssimo.
Ravel mostra que cada instrumento pode dar um toque mágico na mesma melodia. Ele explora a riqueza dos sons de cada um deles, valorizando a individualidade, para no final mostrar que todos juntos também podem dar outra dimensão.
Apesar de ser o mesmo trecho, o mesmo refrão, a música se renova, se revigora, se fortalece, com uma simples mudança: o instrumento.
Todos nós somos instrumentos únicos, com sonoridades próprias. Como numa grande orquestra, vivemos juntos uma mesma música chamada vida.
Um bom gestor de empresas sabe disso e, como Ravel, valoriza as individualidades e as conjuga para trabalhar diversas perspectivas.
Exploremos com nossa audição os diversos timbres, a variedade de frequências das vozes, a riqueza da nossa diversidade. E veremos que a vida ganhará um toque mágico com a expressão da individualidade.