Estamos chegando à metade do ano de 2020 e o mundo parece estar vivendo em câmera lenta. O ano começou com uma notícia viral (permitam o trocadilho) sobre um vírus supostamente oriundo da China que ameaçava a Itália, depois toda a Europa, depois os EUA, então cruzou a linha do Equador e eis que chegou ao Brasil com muito mais dúvidas do que certezas, sem que tivéssemos tempo de aprender com a experiência e os erros de quem já estava navegando nesse mar. Chegamos a pensar que estaríamos todos no mesmo barco. Mas logo percebemos que a #igualdade desse “todos” era a mesma que historicamente vivemos: todos de um mesmo grupo – os mais ricos, os mais pobres, os que souberam se proteger, os que vivem em países frios, enfim… muitos grupos diferentes, muitas possibilidades de contaminação, muitos erros políticos e poucas respostas à tantas perguntas.
As mídias apresentam diversos cenários e todos parecem convergir para situações preocupantes, seja qual for o seu barco e o seu posicionamento nesse mar.
São Paulo, centro econômico do nosso país, está se preparando para a retomada, tendo iniciado a reabertura de algumas atividades não essenciais. Mas a mesma São Paulo sofre ainda pressão para decretar lockdown e evitar colapso nos hospitais. O ENEM é adiado sob a alegação de que muitos estudantes não conseguirão se preparar a tempo. Sim, alunos de escolas particulares se adaptaram nas últimas semanas à diferentes estilos de aulas online, gravadas ou ao vivo, tiveram #acesso aos professores e materiais, usufruindo de seus #privilégios. Alunos de escolas públicas, no entanto, não tiveram aulas ou qualquer suporte das escolas. Enquanto isso, em Amsterdam, na Holanda, como em todo o hemisfério Norte, as escolas se preparam para a nova temporada, já preveem que lidarão com esse cenário de incertezas até meados de 2021 e estão se planejando para esse novo contexto. Cenários bem diferentes.
Paralelamente, a Organização das Nações Unidas (ONU) debate os efeitos sociais e econômicos da pandemia e avalia um novo pacote de ajuda global para os países mais pobres enquanto a bolsa de valores mundialmente oscila conforme os movimentos das ondas. E a #desigualdade só aumenta.
De tudo, a única certeza, já ressaltada em outros textos, é que nada será como antes. A humanidade tem muito a aprender com toda essa experiência. Sim, marcas profundas estão sendo deixadas em todo lugar. Muitos brincam que 2020 é um ano que não deveria contar no calendário pois nada está acontecendo. Vale repensar. Se você está apenas “lavando as mãos”, lembre-se de Pilatos e olhe para os lados. Você pode estar tranquilo, mas talvez seu vizinho não esteja. Você pode estar sofrendo com o home office, home cleaning e home schooling, mas talvez algum colega de trabalho tenha um parente contaminado e esteja vivendo uma quarentena mais dura. Você pode ter condições financeiras de passar pela crise com folga, mas pense no comerciante que apostou as economias na abertura de uma lojinha confortável para receber os clientes e tem que mantê-la fechada, ficando sem receita mas com a obrigação de pagar os empregados, os impostos (ainda que parcialmente), os fornecedores e que, para reabrir, terá que investir novamente pois perdeu todo seu estoque de perecíveis.
O que estamos vivenciando é uma oportunidade de observar o mundo a partir de outras lentes, assumindo que nossa perspectiva é limitada ao nosso campo de visão e influenciada por nossos vieses, nossa bagagem. E mais do que tudo: que mudar é preciso e oportuno. Talvez seja essa a grande mensagem que a crise nos traz.
Podemos retomar a velocidade “normal” dessa filmagem com uma simples #mudança de atitude. Perceber a #pluralidade que nos cerca, respeitar as diferenças, valorizar outras perspectivas e suportar a mudança necessária. Para isso, precisamos fazer a nossa parte, tocar as nossas vidas e cuidar daqueles que alcançamos.
É isso! Basta apertar o play.