Diversidade Cognitiva – Você sabe o que é e sua relevância?

“Se você procurar, a diversidade cognitiva está por toda parte. Mas os humanos gostam de se encaixar e, então, eles são cautelosos em colocar o pescoço para fora.” 

Alison Reynolds e David Lewis 

Fomos apanhados de surpresa pela Covid-19 e muito que estava já para acontecer, acabou sendo obrigatoriamente posto em prática em menos de 1 mês. Trabalho remoto, saúde mental, liderança a distância… e muito mais! Se o mundo já se apresentava VUCA (Volatility – volatilidade, Uncertainty – incerteza, Complexity – complexidade) e Ambiguity – ambiguidade), agora ele está um vuco-vuco! Estamos trabalhando em uma realidade cada dia mais complexa – muitas novas variáveis e muitos novos cenários. 

Problemas complexos requerem variedade! Variedade de habilidades, de perspectivas, de visões de mundo, de formas de pensar e processar informações, porque pessoas com essas “variedades” têm estilos diferentes de solucionar problemas e podem oferecer perspectivas únicas porque pensam de maneira diferente… E isso estimula o debate, a construção conjunta, a inovação e a criatividade.  

Não estamos aqui dizendo que simplesmente colocarmos juntas pessoas diversas resolverá “naturalmente” problemas dos mais diferentes e dos mais complexos. Pessoas com pontos de vista diferentes podem gerar certo conflito, certa fricção entre as ideias, mas afirmamos que é esta fricção, quando bem acolhida, em um ambiente seguro e respeitoso, que propicia o surgimento de novas ideias que poderão solucionar os tais problemas complexos de forma diferente. Alguns acreditam que fricções são “bugs” no sistema, mas o que estamos aqui defendendo, em acordo com alguns pesquisadores, entre eles, Bob Gower, autor do livro “Agile Business, é que estas fricções devem ser estimuladas se desejamos novas e melhores ideias, que nos ajudem a resolver problemas complexos, como os que se apresentam na atualidade. 

Por que buscar diversidade cognitiva e não somente representatividade? 

Não estamos aqui afirmando que a busca por representatividade, por uma população demograficamente diversa não é o certo a fazer – sim, porque isso nos ajuda na busca de igualdade e justiça social, mas também por que pessoas diferentes trazem consigo seu “lugar de fala”, seu “protagonismo”, como as pautas de gênero, raça, orientação sexual, por exemplo, como também suas vivências muito em função do lugar social que essas características identitárias/demográficas lhes impõem. Mas somente ter seus representantes não nos garantirá sua inclusão, bem como a possibilidade da inclusão de suas diferentes perspectivas. Uma organização demograficamente diversificada pode se tornar cognitivamente uniforme por várias razões. 

A cultura, personificada nas ações de suas lideranças, pode atuar como homogeneizante -lideranças podem preferir candidato/as e colaboradore/as com determinadas experiências – cursos de formação específicos, instituições específicas, tipo de atuação/segmento de mercado/negócios específicos por exemplo. 

Inovação requer a capacidade e a disposição de questionar normas, valorizar e sintetizar diferentes visões e colaborar para desenvolver soluções únicas e poderosas. Essas competências não dependerão única e exclusivamente de características pessoais para serem colocadas em prática, mas também de uma atitude clara e proposital para estimulá-las e acolhê-las. Para que a diversidade cognitiva seja bem-sucedida, a organização precisa tornar o ambiente “seguro” para os colaboradores experimentarem coisas novas de novas maneiras, sem medo de repercussões negativas e acreditando na valorização dos seus saberes e experiências.