Cronologia de um profissional de RH
Por ocasião do dia do profissional de Recursos Humanos, me pus a pensar na cronologia desse profissional ao longo das últimas 2 décadas – não por acaso é este o meu tempo de formação e carreira na área.
No final dos anos 90, o livro básico para qualquer estudante da disciplina era um volume cinzento com mais de 600 páginas que apresentava a interação entre pessoas e organizações, o sistema de administração de recursos humanos e os sub-sistemas de provisão, aplicação, manutenção, desenvolvimento e monitoração de recursos humanos. Idalberto Chiavenato, autor do célebre livro que leva o nome da disciplina, reconhecido também pelo clássico Teoria Geral da Administração, foi muito feliz em escrever já na 4ª edição, de 1997, que a “ARH (Administração de Recursos Humanos) está passando por grandes mudanças e inovações.”
É certo que a mudança é uma constante, mas ela vem em ondas que atingem a orla com diferente intensidade em diferentes pontos. Assim, é notório que as empresas receberam, ao longo desses últimos anos, diferentes estímulos que impactaram em mais ou menos mudanças. Mas certamente todas passaram por alguma transformação recentemente, com a onda do Covid-19.
De Recursos Humanos a Gente e Gestão
- Do Departamento Pessoal afundado em papéis, leis e burocracias que envolviam a contratação de um novo funcionário a uma área responsável pelo onboarding dos novos colaboradores.
- De um Recrutamento e Seleção interessado em competências técnicas e experiência compatível a um time preocupado com a experiência do candidato e a capacidade de atração da marca empregadora.
- De uma área de treinamento técnico que evoluiu para T&D ao valorizar as teorias motivacionais e alcançou o patamar de Desenvolvimento Humano ao convencer o board sobre a relevância de tratar o colaborador como um cliente interno.
- De uma visão de carreira em que a empresa decidia as trilhas e posicionava o empregado num determinado passo até a constatação de que o responsável pela carreira é o profissional, que é também o detentor do conhecimento e o decisor, portanto, sobre seus passos.
Daí para perceber que cada profissional é uma pessoa com valores, ideias e objetivos singulares, foi um passo muito importante. Passo este que fomentou a inclusão da diversidade, alimentada por estes profissionais de RH, Gente e Gestão ou seja lá que nome tem o departamento que hoje ocupam.
Importa menos o nome da área ou departamento. E mais o que fazem dele as empresas.
De profissional de recursos humanos, hoje somos chamados parceiros de negócios – verdadeiros influenciadores dos resultados das organizações, rompendo as barreiras do departamento e levando seu expertise para fora da organização, chegando ao cliente externo com treinamentos ou conteúdos diversos que amarrem a experiência de compra ou garanta sustentabilidade ao parceiro, cliente ou fornecedor.
Graças a Chiavenato e todos os demais autores e referências que, junto com os profissionais, foram vivendo as experiências em suas organizações e aprendendo uns com os outros, os conceitos e práticas seguem sendo atualizados conforme a onda chega mais perto – e estarão sempre buscando evoluir, pois os oceanos estão em constante movimento e a qualquer momento pode vir uma onda mais forte.
Uma coisa não mudou: as organizações são feitas por pessoas para pessoas e, se o legado de qualquer profissional de RH é que todas as pessoas de uma organização percebam isso, temos hoje que reconhecer o quanto evoluímos e vale torcer para que, no futuro, esse parceiro de negócio possa continuar comemorando os avanços de seu trabalho ao ver mais equidade onde as diferenças ainda marcam presença, percebendo que sua busca por pluralidade de ideias e perspectivas perpassa os valores da organização onde escolheu trabalhar.
Estamos no caminho!